Gato Preto

Sou um gato preto, daqueles que fazem você virar o rosto duas vezes quando passo. Minha pelagem é meu maior luxo: brilhante, sedosa, como se tivesse sido desenhada para refletir a luz da lua. Alguns dizem que gatos pretos trazem azar, mas eu sorrio com os olhos quando escuto isso — afinal, que azar poderia existir em cruzar o caminho de algo tão elegante quanto eu? Vivo como um modelo nato. Cada passo que dou é calculado, cada salto é uma performance. Minha postura, sempre ereta e confiante, carrega a aura de um mistério que nunca se revela por completo. As câmeras me amam, porque sei exatamente como olhar: ora sério e enigmático, ora com aquele ar preguiçoso de quem domina o mundo sem precisar se esforçar. Mas não sou só beleza. Trago comigo histórias antigas, lendas que atravessaram séculos. Já fui guardião de bruxas, símbolo de sorte em terras distantes e até protagonista de superstições que me fizeram ser temido e admirado ao mesmo tempo. Essa aura de mistério só me engrandece. Sou mais que um gato preto: sou um ícone, um personagem eterno entre o real e o imaginário. Ser modelo é natural para mim. Quando caminho em direção à luz, minha sombra se alonga e parece ganhar vida própria. E não importa onde eu esteja — sobre uma poltrona macia, na janela observando o horizonte ou atravessando um corredor iluminado — sempre carrego a sensação de estar desfilando numa passarela exclusiva, feita só para mim. Sou um gato preto. Não apenas um animal, mas um espetáculo. Misterioso, elegante, atemporal. O mundo pode me ver como superstição, mas eu sei a verdade: sou arte em movimento.

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